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06 março 2015

Lamentações

Sentar à beira do caminho
Contemplar o sofrimento
Apiedar-se da própria dor
E parar no tempo.

A vida segue e a banda toca
Então o jeito é endurecer
Se levantar sem querer
Calar o lamento
Sorrir por fora
E chorar pra dentro.

Felicidade não existe
Utópica e abstrata
É perseguir o horizonte
Correr por vales e montes
Sem jamais alcançar
É só um momento fugaz
Coisas que a vida leva
Coisas que a vida traz.

E a vida vai passando
Desgovernada sem freios
Sorrateira e breve
Bruta como a fera
Porém bela e leve
Ela chega sem rodeios
E vem armada até os dentes
Deixando marcas aparentes.

É toda maldade
E se não faz morrer
É uma besta que fere
Com requintes de crueldade
Dizem que o tempo cura
Os rombos que a vida faz
Nada disso é verdade
As feridas até deixam de sangrar
Mas as cicatrizes nunca deixam de doer.

E a vida segue majestosa
Mas você só passa
Pode colher
Pode plantar
Mas certo que vai morrer
Respire o sopro
E se force a viver.

Não se furte do agora
Só esse é seu tempo
Ora ou outra vai embora
É o fim do tormento
Toda dor calará
Nada vai ficar
Nem alegria nem sofrer
Sem marcas
Sem mágoas
Sem ser...

(Joana Maria)

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